“Alea jacta est”, rezam as crónicas que assim exclamou JúlioCésar depois de ter tomado a decisão de afrontar o Senado Romano e, eventualmente, sair vitorioso. As suas legiões atravessavam o rio Rubicão desafiando Pompeu. “Os dados estão lançados”, resta verificar o resultado.
Lembrei-me desta expressão a meio da noite entre sexta-feira e sábado, depois de ter terminado a campanha eleitoral. Restava então esperar até domingo e verificar o resultado das eleições. Entre a enorme derrota que era apontada pelas alegadas sondagens iniciais para a ilha do Faial e a sensação de trabalho bem feito que fomos tendo durante a campanha, tudo era possível. Esperar…
Ao ver o resultado eleitoral, tive dificuldade em digerir tanto contentamento. Primeiro a vitória nos Açores, depois a vitória no Faial e, finalmente, a maioria absoluta. Tudo nos correu bem. Penso que este foi um bom resultado para os Açores e mesmo para Portugal, mas os próximos anos o dirão.
Voltando um pouco atrás…
Quando teriam Vasco Cordeiro ou Carlos César dito para si próprios “alea jacta est”? Quando é que Vasco Cordeiro terá olhado para os colaboradores de campanha e dito “fizemos o que estava ao nosso alcance, aguardemos”? Quando se reclinou Carlos César na sua cadeira e descomprimiu dizendo para si próprio, “está feito”? Naquela sexta-feira chuvosa, terá Ana Luís conduzido para casa com um sorriso perdido entre a confiança e a angústia? Terá reunido a família e dito “agora resta esperar”? As respostas não são muito importantes.
Depois de dar a primeira tacada na bola de golf, o jogador fica a olhar para o seu movimento esperando que esta caia tão perto quanto possível do green, mas sem nada mais poder fazer. Esta sensação é comum ao estudante, depois da entrega do exame escolar até à receção da nota… O período, que medeia entre o esforço e a observação do resultado, pode ser positivo quando a expectativa é elevada e, principalmente, quando o resultado confirma as melhores expectativas. Estou em crer que foi desta forma que se sentiram Vasco Cordeiro, Carlos César e Ana Luís.
Caso não se confirmem os bons prognósticos, os portugueses aplicam a expressão “balde de água fria”. Custa muito, mas passa depressa. Nestas eleições, penso que deverá ter sido isto que aconteceu ao líder doCDS-PP.
O pior mesmo é quando as expectativas são baixas. Nesse caso, este período, entre o colocar a armadilha e ir ver a caça, pode ser acompanhado de uma angústia terrível. Talvez tenha sido assim que sentiu a líder do PSD. Se eu estivesse no lugar dela, penso que ficaria com uma úlcera apenas por olhar para o relógio e ver o tempo passar entre zero horas de Sábado e as 19 horas de domingo.
Sabendo que este período de desconhecimento e impotência custa tanto, o melhor mesmo é fazer um bom trabalho prévio. Apenas desta forma é possível garantir que, mesmo que se apanhe uma desilusão, a dor passará mais depressa.